Há quanto tempo eu não escrevo? Digo escrever
sobre esta que vos fala, sobre meus medos, minhas alegrias, minhas conquistas,
decepções... Já faz bastante tempo, é verdade. Mas deu uma vontade tão grande
de escrever sobre coisas que eu não consigo externar e transformar em palavras,
que eu resolvi me arriscar.
Como sempre reconheço, sou chata pra caramba.
Gosto de tudo bem feito. TUDO mesmo. Não gosto de arrumar casa e desempenhar
demais serviços do lar, mas quando me proponho a fazer isso... Sai bem feito também.
Isso não me ajuda muito, porque me cobro demais e cobro demais das pessoas que
estão ao meu lado. Sou toda certinha, politicamente correta e tal e tal e
tal... Tenho aprendido a relaxar um pouco mais, a deixar de lado esse meu
ângulo mais sisudo. Ciúme? Ah, tenho pra dar, vender, emprestar, arrendar,
doar, empenhar, hipotecar e ainda me sobra muito pra gastar – queria que fosse
isso com dinheiro. A verdade é que me sinto muito ingrata por dizer essas
coisas... Tenho uma família que me ama muito e que faz o que pode por mim e por
meus irmãos. Tenho uns bons amigos que eu sei que em qualquer momento da minha
vida eu vou poder contar – com pelo menos metade desta “quantidade”. Tenho um
trabalho que é digno – apesar de eu sempre brincar dizendo que “eu me prostituo
com ele, rs... – o jornalismo consegue pagar as minhas contas e me realiza como
profissional, mas deixo o desejo de ainda querer ir muito longe com ele”. Tenho
um amor que é o mais lindo de todos os amores do mundo. Alguém que mesmo com todas
as diferenças, problemas e tal e tal, é alguém que por quem eu tenho muito
respeito, carinho, amor, paixão, desejo e nananana... Alguém que faz meus dias
serem mais vivos, mais intensos, mais cheios de luz. Alguém que extrai de mim
uma paciência que eu raramente tenho. Alguém que musicou a minha vida... Algo
como quando a Sandy canta:
“... Ele era um aspirante a poeta,
Ela era
inspiração.
E pra ele qualquer coisa nela
Despertava uma canção
Ela que sempre buscava
Em tudo um por que
Com ele bastava
Estar, sentir e viver...”
Estou começando a achar que era sobre esse
sentimento que eu, na verdade, estava querendo escrever... Dentro no nosso
pacto de guardar pra nós o que vivemos, mas de também partilhar com quem nos
quer bem, o que posso dizer é que:
Você pra mim é como uma manhã de Natal. Não tinha
como ser melhor... É o abraço quando eu penso que meu mundo tá desabando. É o
olhar curioso de quem quer aprender. O sorrido largo de quem sabe que conseguiu
algo bom. É o segurar de mãos quando o medo literalmente bate à nossa porta,
toca a nossa campainha e ainda nos faz ficar frente a frente com ele. Eu sei
que a vida tem nos colocado em provações, mas ao ultrapassar cada uma delas – e
olha que foram muitas, inclusive, nos destituindo da possibilidade de estar
fora de casa às terças-feiras, rs..., ao ultrapassarmos cada obstáculo, o
que fica é a certeza de que temos muita coisa pra viver.
"...Pra eles, claro, o outro lado..."
Afinal, "do nosso amor, a gente é que sabe..."