quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pra certas coisas não existe título...



Um coração inquieto está sempre arrumando a ordem dos amores, o lugar das dores, os espaços em branco e os apetrechos que merecem serem trocados. Às vezes a inquietude do coração muda só pra satisfazer o ego que é alvo do amor; e que nasce, naturalmente, para ser divido em dois, três, cinco. É amor, e não pode existir avareza entre um sentimento que sustenta a alma e debita a saudade de quem não tem, não pode ter ou é poupado de sentir. O coração é divido como cômodos de uma casa em mudança, em reforma. Espaços maiores e menores, decoração em aberto, móveis chegando e saindo, poeira, bagunça, barulho, gente, vazio. O coração, como a casa, tem espaços para serem preenchidos, de preferência, com amor, em proporções maiores ou menores. Com velhas ou novas mobílias.

Sentimento, ainda que sem nome, tem que ser mostrado, ilustrado, escrito ao mundo, foi assim que aprendi com os poetas e poetinhas. Mas como em toda ação, teoria é uma coisa e prática é outra. Natural. E apesar de muito teorizar e pouco praticar essa ação, que mais do que revelar o sentimento ao mundo é ter coragem de expor a emoção a quem lhe pertence ou é direcionado, eu me arrisquei e fui à prática. Bêbada das palavras de um poetinha, beliscando a força de Bethânia e digerindo toda a inspiração de Carpinejar, atravessei a cidade com um único objetivo: viver. Fosse o que fosse. Se fosse pra ser o sorriso, a dor, a ingratidão, a indiferença, o choro, a paixão. Eu fui para o inesperado. Decidi não planejar nada e insistir no sentimento que é meu. Amar, ser apaixonada ou gostar de alguém, sempre deixa o pressuposto de que o outro alguém retribua o sentimento na mesma intensidade. Não. Não tem que ser assim. O sentimento não precisa ser uma troca, as relações sim! Fora isso, o sentimento tem apenas que ser, como quem o carrega. Porque ser é tudo, ou o necessário para que em alguma hora a razão dê sua licença e, então, a emoção faça sua graça. Ousei. Senti. Esperei. Olhei. Toquei. Não falhei. Falei. As palavras vieram naturalmente, como acontece nas conversas entre os melhores amigos. Não usei expressões apaixonantes, meu corpo respondeu apaixonado e sem medo, minha boca sorriu e os olhos transbordaram de emoção, porque minha insistência, que antes, foi tão prejudicial, agora foi o remédio pra curar a insegurança do sentimento de nome paixão. Mas só fui tomada de paixão, porque na bula do remédio estava escrito, “declare-se apaixonado antecipadamente. Depois encontre um jeito de pagar. Ame por empréstimo. Ame devendo. Ame falindo. Mas não crie arrependimentos por aquilo que não foi feito. Sejamos mais reais em nossas dores. Tudo o que não aconteceu é perfeito. Dê chance para a imperfeição. Insista. Não havia como não ser diferente, dei chances a imperfeição e fui feliz, pelo menos naquele instante. Minha ação cheia de sentimentos não vai mudar as ações humanas nem transformar a realidade dos dias seguintes no sonho que foi aquela noite (as noites, as tardes, as manhãs...) de música e certeza, que para viver grandes emoções basta dar chance ao imprevisto. A vida segue, a história continua sendo escrita e a música toca no show (Um amor puro, Garotos, Ilegais, Tudo Certo, Minha Herança: uma flor...) para fazer trilha das lágrimas que escorreram com a emoção do instante, que acima de tudo, é meu.

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