A 'moça' só espera alguém. Alguém que não tenha todos os requisitos inventados por ela e que não planeje o encontro dos dois. Que deixe de lado os números e os nomes, os sapatos e os paletós, as formas e as faces. Um alguém meio bobo que, com seus dotes medicinais, cuide de seus calos e incisões.
A moça não quer somente flores e amores. Ela aspira solidões, asfixias e arranhões. Não quer mais saber de moderação e equilíbrio, ela quer embriagar-se com a última gota do copo e encarar, sem maquiagem, a ressaca do dia seguinte.
Já não existe medo, anelo, vontade ou expectativa.
A moça só espera alguém que não a espere, nem se desespere. Espera um sopro que venha de repente, aquecendo-lhe a alma, sem antecedentes. Feito poetas e a lua, que tenha as suas fases. Mas que não seja sonhado, idealizado, ponderado nem poetizado. Que seja real e doce.
Ela tem medo sim, tem vontade, anelo e expectativa.
Aquela moça tem um mundo inteiro no olhar e um jeito estranho de esperar. E espera, não por qualquer um, mas por alguém. Pensando bem, a moça não espera mais nada. Nem se desespera.
Perdeu o gesto, o jeito, o prumo. Perdeu-se, e não espera encontrar-se mais. Desistiu dos olhos, dos brilhos, do lábios. A moça cansou da esperança, da discrepância, da ânsia.
Ela agora, só espera um amor que transborde pelos olhos e inunde o coração, enchendo-a de um sentimento imperfeito, pseudolivre e completamente desajeitado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário