sábado, 11 de dezembro de 2010

Pra ter um jeito meu de me mostrar...

"Essa menina não quer mais saber de mal-me-quer..."

Eu quero entender o mundo, mas só consigo amar. Penso que se entendesse um pouco de mim eu perceberia mais os porquês e sofreria menos. Mas eu continuo sentindo muito, intensamente, dolorosamente e sem fim. Quando dói, dói muito. Corta, rasga, machuca e sangra. Quando fico feliz, o mundo me engole, cada centímetro de pele vira universo, luz e energia. Vibra! É uma felicidade plena, uma alegria inteira, você consegue sentir meu coração daí?

Eu não sou linear. Eu não sou uma pessoa terminada, eu não quero rótulos nem roteiros prontos, não existem começo nem fim em mim. Vivo em um meio que me parece eterno. Um meio que me faz escrever, ser e mudar a cada dia. Se eu começasse a escrever minha vida, seria assim: ...

Percebes? Eu sei que sim. Eu sou reticências. Sou 3 pontinhos. Sou o não-dito. Sou emoção e desejo. Palavras são o meu antídoto anti - monotonia, anti mau – humor... Por isso hoje, especialmente hoje, eu te digo: obrigada por se lembrar de mim do outro lado do mundo. Você está em mim e eu em você.

A vida, eu aceito. Aceito viver sem entender. Assim como aceito minha falta de jeito, minha eterna saudade e essa vontade de ser tantas e tanto e ter apenas um coração.

Uso a palavra para compor meus silêncios. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhada
para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz, por isso meu quintal é maior do que o mundo. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto...

Ele... É meu pecado, meu menino. Meu ninho, meu lugar confuso. Não questionei se aquilo pudesse ser o melhor pra minha vida, porque todas as escolhas "certas" que havia feito, na verdade, sempre foram mortas. Eu precisava era de algo que me reacendesse. Que desencontrasse do que eu já havia sido. E tudo assim mudou: por ele arrisquei, me revirei ao avesso, delirei de amor, suportei o ódio, engoli o tédio, perdoei, sonhei, sonhei... Nele está o poço que chorei e o jardim que sorri.

Tenho renascido todas as manhãs, com uma força sobrenatural, que de certo deva existir sobre as almas que amam e sofrem; que se desintegram instintivamente só para ter teu amor por inteiro, egoísta e louco. E se é que inteiro exista, continuo juntando (meus, nossos) planos, nessa guerra desenfreada de sentimentos, onde tormentas se repetem, por uma sede, só sede de querer ser a única razão da vida dele. E porque acredito, ainda insisto pertencer.

Eu? Eu não sou somente boa. Sou uma pessoa muito bonita. Generosa e linda – e quem aguentar, aguentou. Como prêmio, terá meu amor. Saberá da minha verdade. Dará boas gargalhadas. Mas terá que suportar uma boa dose daquilo que sinto. Pois, apesar de tudo ser diversão, nada é simples. Nada é pouco quando o mundo é meu!

Porque, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. O quanto uso das partes que brigam dentro de mim. Há muito, eu me confundo, porque metade não tem medo e levanta os braços, na descida da montanha-russa, olhos abertos! Enquanto outra acha melhor enfrentar a queda com as mãos na barra, segurando forte, espremendo os dois olhos, fechados, desde o começo do percurso.

Metade prefere brincar na beira da praia, no raso, enquanto outra não vê problemas em pular dezenas de ondas e nadar onde a pequena bandeira vermelha, agitada pelo vento, avisa sobre o risco, sobre o possível afogamento.

Porque, há muito, eu erro a receita do equilíbrio. Uso a parte que não deveria na hora em que não poderia. Confundo-me com as metades que brigam dentro de mim. Porque parte acelera na estrada, no momento da curva fechada: pé direito até o fim. Enquanto outra freia, bruscamente, ao ver a primeira placa: seta torta, avisando sobre o perigo.

Metade não suporta a burrice, a pequenez, a lerdeza. Outra, sempre calada, tolera a banalidade, engole a ignorância, convive com a mediocridade.

Há muito, eu erro a mão. A dose. Confundo-me com o que devo usar, porque metade briga. Explode. Dedo apontado na cara! Enquanto outra se recolhe, quieta, debaixo da cama, no quarto fechado, no tudo escuro. Metade berra. Outra sussurra.

Tenho uma parte que acredita em finais felizes, em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado.

Tenho uma metade que mente, trai, engana. Outra que só conhece a verdade. Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés. Outra que sobrevive sozinha. Metade auto-suficiente.

Mas, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. Perco-me. Há dias em que uso a metade que não poderia. Dias em que me arrependo de ter usado a que não gostaria, porque elas brigam dentro de mim... As metades...

Há algumas mais fortes. Outras ferozes. Há partes quase indomáveis. Metades que me fazem sofrer nessa luta diária. Não deixar que uma mate a outra.

(...Do que leio, do que vivo, do que acho que sei! Texto de vários autores...)

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